A cirurgia robótica teve início em 1985 com o desenvolvimento do primeiro braço robótico chamado PUMA 560. Foi criado no intuito de auxiliar na performance de biopsias de cérebro. No início da década de 2000 foi criada a plataforma daVInci com o avanço da tecnologia de imitação de movimentos de grande amplitude que deveriam tornar cirurgias mais complexas em procedimentos mais rápidos, precisos e com melhores resultados.
A primeira cirurgia robótica no Brasil foi realizada no hospital Albert Einstein em 2008, e hoje, em 2021, já temos em todo o país, mais de 90 plataformas instaladas e funcionantes nas principais capitais. A grande maioria se encontra em São Paulo, nos principais hospitais da cidade.
Por que surgiu a cirurgia robótica?
A cirurgia para o tratamento do câncer de próstata é uma das mais complexas da nossa especialidade. Envolve a retirada de uma glândula pequena alojada fundo dentro da pelve óssea do homem, por onde passam nervos responsáveis pela ereção do pênis, músculos responsáveis pela continência urinaria e veias que drenam sangue do pênis e da pelve em um volume extraordinário.
A cirurgia aberta, que envolvia a necessidade de uma incisão na barriga de aproximadamente 10-20cm, precisava lidar com dificuldades importantes como inadequada visualização da próstata e das veias da pelve, dificuldade na identificação dos nervos da ereção e musculatura responsável pela continência, sangramentos vultosos, dor no pós-operatório, necessidade de transfusões, UTI, reabilitação prolongada, hérnias nos locais dos cortes e outros problemas.
A cirurgia laparoscópica, surgida em meados da década de 90, conseguiu vencer parte destas dificuldades relatadas. Ofereceu uma mesma cirurgia com menores incisões, menos sangramento, dor, hérnias, infecções etc., porém a um custo altíssimo de aprendizado. É hoje uma das cirurgias mais difíceis de se ensinar, necessitando de aproximadamente 150 procedimentos para que o cirurgião esteja além da sua curva de aprendizado e comece a dar resultados próximos dos ideais. É também uma cirurgia com ergonomia pouco favorável ao cirurgião que em procedimentos mais longos pode perder parte da sua agilidade devido ao cansaço.
A cirurgia robótica foi criada com o objetivo de se sobrepor a todas essas adversidades. Unindo todos os benefícios da cirurgia laparoscópica, a uma melhor visualização, equipamentos mais ágeis, com maior amplitude de movimentos, melhor ergonomia e precisão na retirada da próstata e preservação dos órgãos e tecidos ao redor. A plataforma robótica também é responsável pela melhor dos resultados gerais de cada cirurgião, uma vez que que estudos mostram que este só precisa de aproximadamente 20 casos para chegar a um alto nível de eficiência.
Como funciona?
O paciente é acoplado ao robô na mesa cirúrgica. O robô está ligado diretamente a uma estação de processamento de imagens e um console, onde fica o cirurgião. Este, por sua vez tem a visualização 3D de dentro da barriga do paciente, após posicionamento da câmera e as pinças de trabalho.
A visualização em HD com autofoco e opções de aperfeiçoamento de imagem ajudam o médico a identificas as microestruturas da anatomia do paciente durante o procedimento, evitando assim lesões inadvertidas.
Com uma ergonomia otimizada, o cirurgião adequa o console a sua altura e utiliza dois controles em pinça para mobilização das pinças em uso dentro do paciente com filtragem de tremores e amplitude de movimentos maior que o da própria mão humana.
Um cirurgião auxiliar fica junto do paciente, com a equipe de instrumentadoras e a anestesiologistas.
O paciente não fica sozinho com o robô e este não faz qualquer movimento sem o comando do cirurgião. Quem opera é o cirurgião. O robô é apenas uma ferramenta de cirurgia.
A cirurgia robótica pode ser utilizada no tratamento das mais diversas doenças em urologia. Não é uma ferramenta apenas para tratamento do câncer de próstata.
É muito utilizada também no tratamento do câncer de rim, onde temos o intuito de preservar a parte do rim não acometida pelo tumor.
Cirurgia de cistectomia radical, que é a retirada completa da bexiga por motivo de tumor maligno e reconstrução, também pode ser beneficiada pelo uso da plataforma de cirurgia robótica, dentre diversos outros procedimentos como:
- Pieloplastia
- Reimplante ureteral
- Linfadenectomia retroperitoneal, pélvica e inguinal
- Hernioplastia inguinal
- Prostatectomia simples
- Ampliação vesical
- Derivações urinárias
- Etc.